Meu Querido Amigo
No dia 4 Agosto
há trinta anos atrás
na formosa e algo ventosa
Vila de Sagres,
por dias e noites nunca navegados
em areias da mareta,
deu-se luz no nosso pequeno mundo
de putos curiosos e insubmissos.
Surgia o Trovante!
Aquele nosso irmão que se foi tornando
na figura basilar e tutelar na nossa existência
familiar e quase diária.
Agora, depois destes anos todos,
encontro tantas semelhanças entre vocês os dois...
Os teus comentários rareiam sob a espuma,
Insinuas-te, fechas-te.
Porém adivinho os teus passos,
pressinto as tuas ideias.
Era precisamente o que sentíamos
com o nosso irmão Trovante.
Ele estava sempre presente e
o que dele vinha, decidia-nos.
Ele queria o nosso melhor,
E nós sacralizávamos a ideia Dele todo poderoso.
Acima de nós
Quase Deus
Como tu Deus Quase
Caríssimo Quase
Como tens passado?
Como vai o teu trabalho?
Tenho a obstinada curiosidade do teu universo,
do que te move,
do que te emociona,
dos teus impulsos,
da tua pintura de hoje.
Por cá os dias vão... vêm... e de costume,
embasbaco sempre que o sol se põe
como se fosse o último desejo.
Um dia sonhei uma viagem ao centro da terra,
e quando entrei numa espécie de casa das máquinas,
logo perguntei o que aconteceria se travasse
o mecanismo das rodas dentadas.
Claro que seriamos projectados no espaço!!!
Soou longo nas paredes da resposta na minha cabeça ignorante.
É a vida.
Fico à espreita...
O sol afunda-se lá ao longe.
Dou-me conta da velocidade da terra a girar.
Apenas por... nada.